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No dia 14/01/2012, tudo começou a mudar na minha vida profissional. Em Janeiro/2012, este espaço foi criado com o intuito de levar a vocês todos os assuntos pertinentes ao mundo de RH. A partir de hoje (19/12/2012), darei uma nova direção à este espaço, e conto com a ajuda de cada um de vocês, para deixar este lugar mais atrativo. Blog em reconstrução. Em breve, novidades!

sábado, 28 de janeiro de 2012

Liderança não é para mentes estreitas


por Lucas Toyama

Ter um olho no presente e outro no futuro. Eis uma das principais atribuições das lideranças, segundo o engenheiro aeronáutico Derek F. Abell, presidente fundador da ESMT European School of Management and Technology. Em suas andanças pelo mundo – ele é consultor em liderança para governos na Europa e para empresas multinacionais ao redor do globo -- Abell observa os comportamentos, não raro falhos, das lideranças. Mas relativiza a gravidade do cenário na medida em que acredita que o papel de líder é complexo mesmo e, justamente por isso, não deve ser concedido a qualquer um. “Para conseguir administrar o hoje sem perder o futuro de vista é preciso conhecer não apenas política, mas economia, negócios, cultura, história, filosofia”, diz Abell, mestre pela Sloan School of Management do MIT e doutor pela Harvard Business School.


Derek F. Abell, presidente da ESMT European
 School of Management and Technology

Em sua visita ao Brasil no final do ano passado, como expert internacional da HSM Educação, ele concedeu entrevista ao CanalRh, na qual fala sobre os desafios das lideranças, o papel delas na qualificação da mão de obra, a informalidade dos brasileiros e suas consequências, entre outros assuntos. Confira.

CanalRh: Liderança é um assunto muito discutido, com conclusões muito difusas. Quais são, afinal, as responsabilidades de um líder?
Derek Abell: Depende sobre o que estamos falando. Alguns aspectos da liderança são muito discutidos, mas outros são negligenciados.

CanalRh: O que é discutido em demasia e o que carece de discussão?
Abell: Muito se fala do perfil de lideranças, tipo de competências. Já os desafios e as responsabilidades dos líderes ficam num segundo plano e são temas que precisam acompanhar as mudanças velozes atuais.

CanalRh: E quais são, então, suas responsabilidades?
Abell: Os líderes são responsáveis pela performance das pessoas que trabalham com ele e para ele e pelos movimentos da companhia para o futuro. Quando eu digo “as lideranças são responsáveis pela governança” as pessoas dizem “não, isso é responsabilidade da direção”. Mas, na verdade, não concordo com isso e acho que os líderes não têm feito esse papel de primar pelo andamento de hoje e de amanhã com eficiência.

CanalRh: Por que não?
Abell: Porque os líderes são responsáveis não apenas pelos negócios, mas pelas pessoas envolvidas nesse negócio, sejam elas clientes, funcionários. Eles mediam relacionamentos e precisam entender e antecipar a forma como o mundo está mudando, o que, sem dúvida, é muito difícil dada a complexidade da sociedade em que vivemos atualmente. Portanto, entender essas mudanças todas não é uma tarefa para uma pessoa de mente estreita. Para fazer isso com primazia é preciso conhecer não apenas política, mas economia, negócios, cultura, história, filosofia... Em suma, se eu fosse resumir em uma palavra a responsabilidade de um líder eu diria “crescimento”.

CanalRh: Os brasileiros são conhecidos por sua informalidade em relacionamentos tanto pessoais quanto profissionais. Isso pode ser um problema para os líderes?
Abell: Há duas perguntas embutidas nesta. Se você me perguntar se as pessoas atuam melhor quando têm bons relacionamentos, minha resposta será “sim”. Nós ficamos felizes quando trabalhamos com pessoas com as quais temos um bom relacionamento. No entanto, no trabalho de um líder algumas vezes é preciso ser duro e o “não” é necessário. E me parece que ser informal muitas vezes está relacionado a dizer “sim” o tempo todo e não prezar pela disciplina, o que não é bom.

CanalRh: Como solucionar esse possível problema?
Abell: O líder deve ser multifacetado, precisa ser legal com as pessoas, amigável, mas também duro e disciplinador, especialmente em momentos de pressão. Equilibrar todas essas facetas é complicado, mas é um caminho para a solução e faz parte das habilidades de uma liderança.

CanalRh: Como o senhor analisa o atual cenário econômico brasileiro e seus principais desafios?
Abell: Honestamente, não tenho conhecimentos profundos sobre o assunto, mas é inquestionável que tenho lido muito mais sobre o Brasil do que antes. E tudo o que leio é muito positivo, pois há mudanças importantes acontecendo. Vejo o Brasil como um importante membro do BRIC´s, mas não apenas desse grupo. Mostra crescimento, potencial para continuar nessa trajetória, muitos recursos humanos e físicos. Ou seja, um futuro promissor. Mas um futuro que não está longe. Ele já começou. E é justamente por isso que os desafios são enormes. A começar por desenvolver os recursos, sobretudo os humanos. Isso não acontece espontaneamente. É preciso que as pessoas ajam para que algo aconteça, porque para dar suporte ao crescimento são necessárias pessoas qualificadas em quantidade suficiente.

CanalRh: Mas a qualificação da mão de obra, hoje, é um dos principais gargalos do País...
Abell: Justamente. O potencial existe, mas isso não significa que a questão esteja resolvida. É preciso que as pessoas – e as lideranças em especial – atuem com iniciativa e criatividade. Então, esse atual cenário de crescimento nos ensina que é preciso fazer coisas diferentes do que fazíamos, como investir pesado em educação, por exemplo.

CanalRh: As empresas podem ajudar nesse processo educacional?
Abell: Sim. Quando falo em educação, não me refiro apenas a escolas e universidades, mas também na capacidade das empresas de terem estruturas nas quais os mais experientes possam ser mentores que ajudem os mais novos a se desenvolverem. E posso notar que isso tem acontecido por aqui.

CanalRh: Qual o papel específico das lideranças para essa questão da falta de qualificação da mão de obra?
Abell: Esse não é um problema exclusivo do Brasil. Isso quer dizer que estamos, de fato, num mundo novo, com mudanças velozes, que exigem qualificação por parte das pessoas para que elas possam participar desse novo “jogo”. Nesse sentido, as lideranças precisam estimular reflexões como: pensar o tipo de mundo que estamos construindo; incentivar o autoconhecimento para poder fazer mais; ser agressivo, inovador, comunicativo e visionário.


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